Alimentos orgânicos são mais nutritivos que os convencionais?
- Fazenda Guata Porã
- 27 de mar.
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de abr.
A resposta é um sonoro sim! Já que as plantas orgânicas precisam defender-se de ações de fungos, pragas e microrganismos principalmente a partir do seu próprio sistema imunológico, o que torna as plantas orgânicas mais fortes e ricas em nutrientes para quem as consome. Mas esse não deveria ser o ponto chave para você consumir orgânicos e sim pelo fato da agricultura orgânica excluir o uso de organismos transgênicos, agrotóxicos e se ancorar num profundo respeito à natureza, aos que trabalham a terra e em toda a cadeia de distribuição do alimento orgânico. Consumir orgânicos é expressar-se a favor da ética alimentar é um ato de construir um mundo melhor e mais justo.
Olhando detalhadamente o assunto e traçando alguns paralelos para ajudar, imagine que quando temos um pequeno corte ou arranhão superficial na pele ou até uma picada de inseto, na maioria dos casos, nada além de uma boa higiene no local será preciso para nos curar. O nosso organismo através de um complexo sistema de cicatrização, produz e envia anticorpos, enzimas e outras substâncias para restabelecer o equilíbrio corporal e a cura do local. Num indivíduo saudável, quanto mais se exercita o sistema de cicatrização mais "treinado" ele fica para responder a situações que dele necessitem. Desenvolver anticorpos foi um dos aspectos fundamentais da evolução humana ao longo de séculos e isso pode ser visto rapidamente também em crianças que ao iniciar-se no ambiente escolar, ficam doentes, até que a troca de anticorpos com outras crianças se equilibre e seus sistema imunológico passe a responder de forma natural.
Como funciona a Agricultura Orgânica?
Na agricultura orgânica, uma de suas bases são os Microorganismos eficientes - EMs. Essas são bactérias, fungos e outros elementos que habitam principalmente o solo e interagem com plantas, animais, insetos e demais seres vivos causando por vezes "feridas" na planta, estimulando seu sistema imunológico, produzindo nutrientes essenciais que são absorvidos pela planta para o seu desenvolvimento, ou ainda servindo como controle biológico de insetos e pragas. Estima-se mais de 7 bilhões de EMs na natureza e toda essa riqueza de estímulos é fundamental para se produzir alimentos ricos, não somente na visão curta dos nutrientes de uma tabela nutricional encontrada no verso de uma embalagem de alimento, mas no sentido amplo de substâncias, enzimas e anticorpos que nos trazem os alimentos orgânicos cultivados com a riqueza disponível na natureza.
Em sua tese de doutorado, a química Sônia Stertz da Universidade Federal do Paraná encontrou mais substâncias benéficas à saúde nas versões orgânicas comparadas com as versões convencionais de tomate, batata, morango, agrião e couve-flor. A comparação obviamente não é tão direta e depende de fatores amplos de análise, como clima, solo e o próprio manejo orgânico, mas somente como ilustração, a Dra. Stertz encontrou no morango orgânico 342% mais ferro, 183% mais magnésio, 80% de potássio extra, 34% de cálcio, 26% de fibras e 24% de proteínas. Ainda segundo a Dra. Stertz, alimentos cultivados de acordo com o sistema orgânico, sem agrotóxicos e não transgênicos, precisam acionar seu mecanismo natural de defesa o tempo inteiro para se proteger e manter-se saudável na interação com o ambiente natural e esse processo, por sua vez, estimula a fabricação dos fitoquímicos - ampla gama de nutrientes que surgem da interação da planta com o meio ambiente. Alimentos orgânicos tendem a apresentar níveis mais amplos e superiores de fitoquímicos e esses compostos bioativos têm ação, por exemplo, antioxidante, capaz de combater radicais livres e evitar males que vão desde câncer até doenças cardiovasculares. Outros exemplos de Fitoquímicos são o licopeno do tomate, a isoflavona da soja, o sulforafano das couves e muitos outros.
Afinal, porque devo consumir orgânicos?
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